sábado, 29 de novembro de 2008

resoluções.

agora ele pode respirar aliviado. sair de todos aqueles ambientes que lhe impunham certas regras. certas coisas que no fundo ele não queria. porque ele se preocupa tanto com os outros? talvez não seja tão racional e rude quanto pensa que é. porque a vezes nem nós mesmo sabemos quem somos. e é difícil agir sem forjar uma espontaneidade de atos ou até mesmo de pensamentos. ele finge pensar de uma forma que sabe que não concorda, correndo o risco de parecer um pouco hipócrita a seus próprios olhos. e o é. sabe que é. por isso respira aliviado agora. porque toda aquela pressão se foi.
pois mais uma vez ele se contradiz, pois sempre soube que sentiria falta daquilo. e sente. mas e daí?! nunca foi prioridade em sua vida agradar os outros. e nunca será. todas essa resoluções a respeito de hipocrisia e o paradoxo de viver ele faz pra si mesmo. é apenas difícil pra ele definir qual desse lados ele quer deixar aparecer. porque apesar de não se importar muito o mundo ainda causa temor a ele.
aquela rotina não existe mais. o café sempre pronto após aquele banho fervendo as seis da manhã. os delicados quinze minutos diários de atraso que sempre o faziam perder o ônibus. as conversas e as novas amizades que tinha. até daquelas pessoas esquisitas e altamente irritantes ele sente falta. culpa dele? talvez. ele sepre procurou algo ou alguém em quem colocar a culpa quando na verdade ele simplismente resolve achar que todos esses fatos são consequência de pequenos acidentes que acontecem em sua vida. ironias da sorte, que insiste em estar longe dele. ele nunca teve sorte pra nada. desde o adesivo sorteado à garotada no primário até aqueles dois pontos que mudariam e definiriam a sua vida. mas e daí. prefre acreditar na sorte sim. mas trabalha pra não precisar dela.
e agora, paradoxalmente, luta pra fugir da repetição da rotina que tanto sente falta agora. ele quer coisas novas, lugares novos, pessoas novas.. a novidade sempre o atraiu.

quinta-feira, 20 de novembro de 2008

ordinary people.

(...)

take it slow
maybe we'll live and learn
maybe we'll crash and burn
maybe you'll stay, maybe you'll leave,
maybe you'll return
maybe you'll never find
maybe we won't survive
but maybe we'll grow
we never know baby you and i...

(...)

domingo, 16 de novembro de 2008

valsinha.

um dia ele chegou tão diferente do seu jeito de sempre estar
olhou-a de um jeito muita mais quente do que sempre costumava olhar
e não maldisse a vida tanto quanto era seu jeito de sempre falar
e nem deixou-a só num canto, para seu grande espanto convidou-a pra rodar
e então ela se fez bonita como a muito tempo não queria ousar
com seu vestido decotado cheirando a guardado de tanto esperar
depois os dois deram-se os braços como a muito tempo não se usava dar
e cheios de ternura e graça foram para a praça e começaram a se abraçar
e ali dançaram tanta dança que a vizinhança toda despertou
e foi tanta felicidade que toda cidade se iluminou
e foram tantos beijos loucos, tantos gritos roucos como não se ouvia mais
que o mundo compreendeu
e o dia amanheceu
em paz

Chico Buarque de Holanda e Vinícius de Moraes

de alguém que eu amo.

não sinto nada mais ou menos, ou eu gosto ou não gosto. não sei sentir em doses homeopáticas. preciso e gosto de intensidade, mesmo que ela seja ilusória e se não for assim, prefiro que não seja.não me agrada viver histórias medíocres, paixões não correspondidas e pessoas água com açúcar. não sei brincar e ser café com leite. só quero na minha vida gente que transpire liberdade de alguma forma, que tenha coragem suficiente pra me dizer o que sente antes, durante e depois ou que invente boas estórias caso não possa vivê-las.
porque eu acho sempre muitas coisas - porque tenho uma mente criativa e racional - e porque posso achar errado - e ter que me desculpar - e detesto pedir desculpas embora o faça sem dificuldade se me provarem que eu estraguei tudo achando o que não devia.
quero grandes histórias e estórias; quero o amor e a indiferença; quero o mais, o demais ou o nada. não me importa o que é de verdade ou o que é mentira, mas tem que me convencer, extrair o máximo do meu prazer. e me fazer crêr que é para sempre quando eu digo convicto que "nada é para sempre".

sábado, 8 de novembro de 2008

cannot forget, refuse to regret.


passou muito rápido. e eu ainda não acredito. a abertura que quase abafou this love com todos aqueles gritos. e makes me wonder da maneira como só eles fazem. a surpresa de tangle e the sun, com a incrível atuação de James Valantine, seguida do calor e do ritmo de if I never see your face again. inevitável foi não se arrepiar com o que viria depois. shiver seguida de wake up call. a lágrima que desceu ao ver o cenário que se formou naquela arena ao som de won't go home without you. e aquela introdução mais que perfeita em she will be loved. no meio disso tudo veio o português quase perfeito de Adam Levine e suas 'conversas' divertidas a respeito de nós. e como não se emocionar e cantar junto com secret e aquela apresentação de não poderia dar em outra coisa além de Jesse Carmichael mandando muito bem como sempre no quase encerramento ao som de sunday morning?! e ai foi um dos momentos mais longos da minha vida. a espera, a expectativa. sem saber o que vinha depois mas sabendo que 'se as luzes estão apagadas, the show must go on!'. e ai veio aquela batida descontrolada e todo o ritmo da bateria de Matt Flyn em harder to breath, até o maravilhosos encerramento com 'the sweetest goodbye that i've ever been received', mais uma vez contando com o grande James. e foi isso. toda aquela espera, as conversas que antecederam. a correria pra pegar um bom lugar, a surpresa de ver o quão perto eu os veria, o fato de eu ter saído de lá com os pés em frangalhos, as panturrilhas queimando, totalmente sem voz, sem sentir as pernas e com uma fome fora do comum. e eu faria tudo de novo. pararia o tempo naquela um hora e meia que eu fiquei naquela arena. e mesmo achando que foi rápido demais e que faltaram algumas músicas esse foi sem dúvida o melhor show da minha vida!

and now John Mayer, we're just waiting for you!

quarta-feira, 5 de novembro de 2008

poesia.

eu já escolhi o meu poeta preferido. aquele modernista boêmio que escrevia aquelas incansáveis palavras cheias de amor e de amizade que ninguém mais conseguiu como ele. aquele que não se compara a tudo que vejo. a tudo que leio. aquele que soube amar como ninguém amou. que soube viver intensamente esses amores.
aquele que como eu apreciava o meu rio de janeiro. suas praias. sua infindável poesia. suas mulheres. suas belezas.
escolhi aquele que morreu de seu vício. que viveu esse vícío da forma mais saudável. por mais incrível que isso possa parecer. e eu digo saudável em seu sentido. essa boemia que ele possuia de estar sempre rodeado de amigos, de música, de amores.
tenho mergulhado cada vez mais em seu universo. e provando pra mim mesmo cada vez mais que razão e amor são coisas distintas. e que pra ser um não se pode ser o outro. a não ser que se ame de formas diferentes. aprendi que amar incondicionalmente não requer nenhuma dose de razão, por menor que seja. e que a razão foge do amor.
e me refiro a esse amor de vinícius. esses amores todos. a essas paixões. isso! paixões disfarçadas desse amor incansável. que juntas se transformaram nele.
o meu amor maior é o amor ao amigo. à amizade. e a esse amor não se precisa ter razão. esse amor é companheiro. não trai. nunca.


"Eu poderia suportar, embora não sem dor, que tivessem morrido todos os meus amores... mas enlouqueceria se morressem todos os meus amigos!!!"

dialética

É claro que a vida é boa
E a alegria, a única indizível emoção
É claro que te acho linda
Em ti bendigo o amor das coisas simples
É claro que te amo
E tenho tudo para ser feliz
Mas acontece que eu sou triste...

do incansável Vinícius de Moraes

A maior solidão é a do ser que não ama. A maior solidão é a dor do ser que se ausenta, que se defende, que se fecha, que se recusa a participar da vida humana.

A maior solidão é a do homem encerrado em si mesmo, no absoluto de si mesmo,o que não dá a quem pede o que ele pode dar de amor, de amizade, de socorro.

O maior solitário é o que tem medo de amar, o que tem medo de ferir e ferir-se,o ser casto da mulher, do amigo, do povo, do mundo. Esse queima como uma lâmpada triste, cujo reflexo entristece também tudo em torno. Ele é a angústia do mundo que o reflete. Ele é o que se recusa às verdadeiras fontes de emoção, as que são o patrimônio de todos, e, encerrado em seu duro privilégio, semeia pedras do alto de sua fria e desolada torre.

Vinícius de Moraes

a todos eles, os meus amigos.

Se eu morrer antes de você, faça-me um favor. Chore o quanto quiser, mas não brigue com Deus por Ele haver me levado. Se não quiser chorar, não chore. Se não conseguir chorar, não se preocupe. Se tiver vontade de rir, ria. Se alguns amigos contarem algum fato a meu respeito, ouça e acrescente sua versão. Se me elogiarem demais, corrija o exagero. Se me criticarem demais, defenda-me. Se me quiserem fazer um santo, só porque morri, mostre que eu tinha um pouco de santo, mas estava longe de ser o santo que me pintam. Se me quiserem fazer um demônio, mostre que eu talvez tivesse um pouco de demônio, mas que a vida inteira eu tentei ser bom e amigo. Se falarem mais de mim do que de Jesus Cristo, chame a atenção deles. Se sentir saudade e quiser falar comigo, fale com Jesus e eu ouvirei. Espero estar com Ele o suficiente para continuar sendo útil a você, lá onde estiver. E se tiver vontade de escrever alguma coisa sobre mim, diga apenas uma frase : ' Foi meu amigo, acreditou em mim e me quis mais perto de Deus !' Aí, então derrame uma lágrima. Eu não estarei presente para enxuga-la, mas não faz mal. Outros amigos farão isso no meu lugar. E, vendo-me bem substituído, irei cuidar de minha nova tarefa no céu. Mas, de vez em quando, dê uma espiadinha na direção de Deus. Você não me verá, mas eu ficaria muito feliz vendo você olhar para Ele. E, quando chegar a sua vez de ir para o Pai, aí, sem nenhum véu a separar a gente, vamos viver, em Deus, a amizade que aqui nos preparou para Ele. Você acredita nessas coisas ? Sim??? Então ore para que nós dois vivamos como quem sabe que vai morrer um dia, e que morramos como quem soube viver direito. Amizade só faz sentido se traz o céu para mais perto da gente, e se inaugura aqui mesmo o seu começo. Eu não vou estranhar o céu . . . Sabe porque ? Porque... Ser seu amigo já é um pedaço dele!

Vinicius de Moraes

como só ele sabe fazer!
Um dia a maioria de nós irá se separar. Sentiremos saudades de todas as conversas jogadas fora, as descobertas que fizemos, dos sonhos que tivemos, dos tantos risos e momentos que compartilhamos...

Saudades até dos momentos de lágrima, da angústia, das vésperas de finais de semana, de finais de ano, enfim... do companheirismo vivido... Sempre pensei que as amizades continuassem para sempre...

Hoje não tenho mais tanta certeza disso. Em breve cada um vai pra seu lado, seja pelo destino, ou por algum desentendimento, segue a sua vida, talvez continuemos a nos encontrar, quem sabe... nos e-mails trocados...

Podemos nos telefonar... conversar algumas bobagens. Aí os dias vão passar... meses... anos... até este contato tornar-se cada vez mais raro. Vamos nos perder no tempo...

Um dia nossos filhos verão aquelas fotografias e perguntarão: Quem são aquelas pessoas? Diremos que eram nossos amigos. E... isso vai doer tanto!!! Foram meus amigos, foi com eles que vivi os melhores anos de minha vida!

A saudade vai apertar bem dentro do peito. Vai dar uma vontade de ligar, ouvir aquelas vozes novamente... Quando o nosso grupo estiver incompleto... nos reuniremos para um último adeus de um amigo. E entre lágrima nos abraçaremos...

Faremos promessas de nos encontrar mais vezes daquele dia em diante. Por fim, cada um vai para o seu lado para continuar a viver a sua vidinha isolada do passado... E nos perderemos no tempo...

Por isso, fica aqui um pedido deste humilde amigo: não deixes que a vida passe em branco, e que pequenas adversidades sejam a causa de grandes tempestades...

Eu poderia suportar, embora não sem dor, que tivessem morrido todos os meus amores... mas enlouqueceria se morressem todos os meus amigos!!!

Vinicius de Moraes

segunda-feira, 3 de novembro de 2008

versos íntimos.

vês?! ninguém assistiu ao formidável
enterro de tua última quimera.
somente a ingratidão - esta pantera -
foi tua companheira inseparável!

acostuma-te à lama que te espera!
o homem, que, nesta terra miserável,
mora, entre feras, sente inevitável
necessidade de ser fera.

toma um fósforo. acende teu cigarro!
o beijo, amigo, é a véspera do escarro,
a mão que afaga é a mesma que apedreja.

se a alguém causa inda pena a tua chaga,
apedreja essa mão vil que te afaga,
escarra nessa boca que te beija!

Augusto dos Anjos

solidão (?)

quando hoje acordei, ainda fazia escuro
(embora a manhã já estivesse avançada).
chovia.
chovia uma triste chuva de resignação.
como contraste e consolo ao calor tempestuoso da noite.
então me levantei,
bebi o café que eu mesmo preparei.
depois me deitei novamente acendi um cigarro e fiquei pensando...
- humildemente pensando na vida e nas mulheres que amei...

hahahaha.

eu nunca entendi de onde vinha tanta paixão, pra onde ia tanto amor. todas essas palavras melosas e essas coisa de querer se afogar em olhos azuis ou se perder em bocas aveludadas. é acho que já entendi. entendi que foi tudo um joguinho. impressionante como certas pessoas conseguem colocar as coisas do jeito que querem. jogam com a vida das outras só pra poder assistir o resultado depois. toda essa falsidade já me cansou. e bom pra mim é apenas ignorar tudo isso. tirar satisfação pra que? pra ver todo o cinismo estampado na cara dessas pessoas. se a minha segurança agora me permite saber o que tá acontecendo eu não preciso ouvir deles. não preciso de nada deles. não depois de tudo que eu já vi e ouvi. acho sensacional como tudo acaba por se encaixar e fazer sentido no final. e esse é o final.
e eu já me fiz de trouxa por muito tempo. e a gente abre os olhos depois de tomar um tapa na cara. burrice foi querer chorar o tapa pra um amigo que no fundo tava alimentando esse tapa. um filho da puta que sempre assistiu a tudo e nada fez além de defender quem mais estava errado na história. e de mim não sai mais nada. nem mais uma palavra. apenas educação, porque o respeito eu ainda to considerando dar pelo grau de merecimento.
é.. to mais leve.